Nascido, Arístocles em 427 a. C, em
Atenas, Platão foi um filósofo discípulo de Sócrates, um dos mais importantes
pensadores da Grécia, tornando-se seu sucessor. Era, também, matemático.
Cidadão de família abastada e influente de Atenas, descendente de Sólon, recebeu uma educação especial, recheada de leitura, música, poesia, gramática, retórica, pintura e ginástica. Era excelente em lutas, e chegou a competir nas olimpíadas, ocasião em que recebeu seu apelido, que significava, em grego, “ombros largos”.
Platão ficou profundamente impactado com a corrupção moral de sua época, a qual culminou na morte trágica de seu mestre e custou-lhe uma ameaça de morte, que fez com que tivesse que refugiar-se em Megara.
Ao retornar, já contando com 40 anos de idade, passou a lecionar na Academia, desenvolvendo uma linha de pensamento própria. Escreveu sobre a verdade, e lançou conceitos sobre conhecimento sensível – aquele obtido pelos sentidos do corpo, e conhecimento inteligível – aquele que é superior e ideal, e acessa a verdade sobre as coisas, pois busca, na essência, as respostas. Entendia o conhecimento como algo vivo e mutável.
Criou a noção de dialética, em que tese e antítese são confrontadas, para que se chegue a uma conclusão verdadeira sobre os fatos. Tornou-se famoso pelo idealismo, ensinamento no qual defendia que tudo que podemos ver é, tão somente, uma cópia do mundo das idéias.
Tendo lutado na guerra do Peloponeso, na qual Atenas foi derrotada por Esparta, em A República defendeu uma forma de sociedade utópica, com muitas das características da própria Esparta, com um regime ditatorial em que o indivíduo era despersonalizado, a fim de servir ao Estado.
O individualismo de sua época, a corrupção, a desorganização do Estado, a degeneração moral de todos, nada disso passou despercebido a Platão. Ele propunha uma transformação total da sociedade, com o Estado tomando as rédeas de comando, dominando a educação, emancipando as mulheres para que lutassem, abolindo a família e a propriedade privada, também.
Sócrates dissera, certa feita, que Atenas precisava encontrar uma nova lei moral, baseada nos pensamentos corretos, integrais e verdadeiros, conforme os princípios pelos quais Deus governava o mundo. E nisso Platão ancorava seu pensamento.
Escreveu muitas obras pondo Sócrates como personagem, e os muitos diálogos que colocou no papel, tendo o mestre como protagonista, permitiram que a humanidade conhecesse o pensamento socrático e seus questionamentos sobre a sociedade, a moral e a falta de virtudes de sua época.
Ele tratou de definir o homem extracívico, supracívico, acima da sociedade e não mero fragmento desta, moldando-a de acordo com idéias derivadas de uma fonte superior. O homem não precisaria ser fruto de seu meio, porque pairaria acima deste e poderia fazer escolhas.
Platão defendia uma sociedade dividida em três classes: a dirigente, a militar e a tutelada. Segundo ele, todos viveriam na mais perfeita felicidade e harmonia, caso assim fosse. O Estado tinha o poder supremo, funcionando como classe filosófica, por assim dizer, assumindo as funções da família e decidindo até quantos filhos cada casal poderia ter (os doentes, fracos e deformados seriam destruídos).
Insistiu que a virtude era o maior bem humano, razão pela qual entra, nesse tema de filosofia das virtudes, como um grande influenciador. Também dizia que a inteligência, o conhecimento, abrange intelecto e emoção. Durante os 20 anos em que lecionou na Academia, escreveu muitos de seus Discursos, e fez uma filosofia mais pessoal, deixando sua fase Socrática para trás.
Platão, por idéias como essas acima, bem como pelo seu espírito idealista, deixou um legado imenso à Humanidade, além de noções e ensinamentos filosóficos que perduram até hoje.
Morreu em 348 a.C, dez anos antes do rei Filipe da Macedônia conquistar a Grécia. Seus discursos foram propagados pelo mundo, graças a Santo Agostinho que, no século 5 (era patrística), transformou a filosofia e a teologia vigentes, com a visão desse grande pensador, um dos maiores da Civilização.
“As cidades somente alcançarão a felicidade se os filósofos se tornarem reis, ou se os reis se tornarem filósofos”.
“Tente mover o mundo, mas comece movendo a si mesmo”.
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Erika Figueiredo - Filosofia de Vida
A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça